domingo, 18 de outubro de 2009

Mãe Hilda é homenageada em projeto de lei da Câmara de Vereadores

Projeto da vereadora Léo Kret do Brasil, pretende denominar Mãe Hilda Jitolu o circuito de Carnaval do bairro da Liberdade.


Um projeto de lei encaminhado pela vereadora Léo Kret do Brasil (PR) para apreciação na Câmara Municipal de Salvador, pretende denominar Mãe Hilda Jitolu o circuito de Carnaval do bairro da Liberdade.. A intenção é fortalecer o carnaval do bairro, que já existe, mas, de forma muito tímida e homenagear uma das mais importantes Yalorixás da Bahia e do Brasil, matriarca e inspiradora de um dos mais importantes grupos afros do país: o Ilê Aiyê. Além disto, somando-se aos tradicionais circuitos carnavalescos “Osmar” (Campo Grande), “Dodô” (Barra-Ondina) e o alternativo “Batatinha” (Centro Histórico), o objetivo é consolidar mais um circuito carnavalesco na cidade, no bairro mais negro fora do continente africano.

Antes de protocolar o projeto, a vereadora entrou em contato com Vovô ( filho de Mãe Hilda e Presidente do Ilê Aiyê) que foi muito receptivo a idéia:" Me sinto muito lisonjeado com essa homenagem a minha mãe.Fico feliz e apóio essa iniciativa" disse.
“O fortalecimento do carnaval nos bairros é uma medida que ajudará a desafogar os circuitos tradicionais que estão sobrecarregados com a alta demanda de público. A Liberdade é um berço cultural de nossa cidade e tem potencial de atrair mídia, turistas e nativos durante o carnaval, gerando empregos diretos e indiretos a população local. Mãe Hilda Jitolu é a cara da Liberdade, batizar o circuito com seu nome é uma forma de manter vivo o seu legado. Axé povo negro da Bahia! Axé Mãe Hilda!” disse a vereadora.


Conheça um pouco da história de Mãe Hilda Jitolu

Hilda Dias dos Santos, a Mãe Hilda Jitolu, nasceu em 6 de Janeiro de 1923 e faleceu aos 86 anos em 19 de Setembro de 2009 vitima de problemas cardíacos.O seu terreiro Ilê Axé Jitolu foi fundado no dia 6 de janeiro de 1952. A ação social da famosa yalorixá se desenvolveu em vários domínios de produção político-cultural. Foi, e é decisiva, a sua contribuição para a linha filosófica de trabalho do Ilê Aiyê. Em âmbito nacional, Mãe Hilda incentivou a criação do Parque Memorial Zumbi dos Palmares, em Alagoas.

A partir de 1995, o Projeto de Extensão Pedagógica do Ilê Aiyê começa a atuar além das instâncias educativas do Bloco - nas escolas públicas do bairro da Liberdade - sempre a partir dos ensinamentos de Mãe Hilda: preservar e expandir os valores da cultura africana no Brasil.

Em seu terreiro aconteceram as primeiras reuniões que deram origem ao Ilê Aiyê. O bloco desfilou pela primeira vez em 1975 e tornou-se uma das mais fortes referências na luta de combate ao racismo. O Movimento Negro Unificado (MNU) só surgiria três anos depois. Com o lema “Negro é lindo” o Ilê iniciou um processo de estímulo ao resgate da auto-estima da população negra privilegiando a música, as roupas coloridas, dentre outros signos estéticos de origem afro-brasileira.

Era mãe Hilda quem comandava a cerimônia religiosa que antecede o desfile do Ilê Aiyê no sábado de carnaval. Da sacada de sua casa, ela presidia um rito que pedia licença, principalmente, a Obaluaê, divindade que governa a saúde e à qual era consagrada, além de Oxalá, que é o protetor do seu filho, Vovô. A cerimônia terminava com a soltura de pombos brancos por todos os diretores do Ilê Aiyê e pela rainha da beleza negra do ano, a Deusa de Ébano.

Além do carnaval, sempre sob a inspiração de mãe Hilda, como sempre faz questão de frisar Vovô, o Ilê passou a realizar diversos projetos sociais. Dentre eles se destaca a Escola Mãe Hilda, que oferece não só educação formal, mas também oficinas artísticas e formação em cidadania.

No carnaval de 2004, o Bloco Ilê Aiyê homenageou Mãe Hilda com o tema “Mãe Hilda: guardiã da fé e da tradição africana”, em comemoração aos trinta anos da agremiação.

Foto: Clóvis Dragone/Divulgação

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